Na 9ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Cajamar, realizada em junho de 2025, foi apresentado o Projeto de Lei nº 17/2025, de autoria do vereador Vinicius Zago Jardim (PSB). A proposta, que conta com coautoria de outros parlamentares engajados em pautas de inclusão, prevê a criação de Salas Sensoriais adaptadas em espaços públicos, voltadas especialmente para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Ainda em tramitação e sem votação registrada até o momento, o projeto já desperta atenção e apoio de famílias, educadores e profissionais da saúde. Afinal, ele se conecta com uma demanda real: tornar os ambientes públicos mais acolhedores, acessíveis e menos hostis sensorialmente para quem vive com hipersensibilidades.
O que são as Salas Sensoriais?
As Salas Sensoriais são ambientes preparados com estímulos controlados: luzes suaves, texturas, sons, objetos interativos, que oferecem acolhimento, segurança e regulação emocional para pessoas com TEA ou outras condições neurossensoriais. Esses espaços ajudam no enfrentamento de crises, na concentração e até no bem-estar durante o dia a dia.
Muitos estudantes com autismo, por exemplo, enfrentam dificuldades em ambientes escolares convencionais: barulho, iluminação forte, aglomeração, que podem gerar sobrecarga sensorial. Com uma sala preparada, eles ganham um espaço de respiro e segurança.
O que o projeto propõe?
O PL 17/2025 propõe que escolas públicas, centros de atendimento e demais espaços públicos de Cajamar contem com salas sensoriais padronizadas e supervisionadas por profissionais qualificados. Além da estrutura física, a proposta abrange:
- Treinamento de servidores para uso e acolhimento nesses espaços;
- Parcerias com profissionais da psicologia, terapia ocupacional e pedagogia;
- Garantia de manutenção e acessibilidade nos locais adaptados;
- Disponibilização gradual em diferentes bairros, com prioridade para locais com grande fluxo infantil e educacional.
Quem se beneficia?
A proposta é voltada principalmente para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas seu impacto positivo vai além. Crianças com síndromes sensoriais, transtornos do desenvolvimento, deficiência intelectual e até idosos com Alzheimer podem se beneficiar desses ambientes cuidadosamente estruturados.
Pais, educadores e profissionais da rede pública também são beneficiados indiretamente, ao contarem com ferramentas adequadas para lidar com diferentes necessidades dentro de uma lógica de acolhimento e respeito às individualidades.
Por que é importante?
Falar de inclusão não é mais um diferencial, é uma urgência ética. E projetos como o PL 17/2025 mostram que Cajamar está ouvindo quem precisa ser ouvido. Adaptar o espaço público para que todos possam estar nele com dignidade é o mínimo em uma sociedade que se diz inclusiva.
Além disso, investir em acessibilidade sensorial ajuda a reduzir a evasão escolar, fortalece o vínculo das famílias com o serviço público e promove um ambiente de maior empatia e entendimento entre todos.
E agora?
O projeto ainda aguarda votação na Câmara, mas já é pauta de conversas e articulações nos bastidores. A expectativa é de que, com o avanço do debate público e a mobilização da sociedade civil, a proposta siga em frente com ampla adesão dos vereadores e apoio técnico da Prefeitura.
Afinal, inclusão não é apenas permitir o acesso, é garantir permanência com conforto e respeito. E cada metro quadrado adaptado é uma vitória para muitas famílias que lutam todos os dias por isso.